Para ingressar nas
universidades brasileiras, os estudantes se dividem hoje entre vestibular e
Enem. Mas você sabe como é a seleção em outros países? Já imaginou ter que
fazer uma prova com o dobro de conteúdo cobrado no Brasil? Ou prestar algumas
horas de trabalho comunitário para conseguir uma vaguinha?
Quando o assunto é ingresso
no ensino superior, cada país adota as suas próprias medidas e exigências para
selecionar os alunos que formarão a mão de obra mais qualificada da nação. No
Brasil a tendência é que o Enem padronize o processo seletivo para as
faculdades. Com uma prova mais voltada à lógica e questões cotidianas, em
oposição ao pragmatismo do clássico vestibular, o exame vem ganhando adeptos de
peso, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que adotou a prova
como via única de ingresso na instituição.
Canadá
No Canadá, não há um padrão
para o acesso às instituições de ensino superior. Lá, as exigências variam de
uma província para outra. Mas existem dois pré-requisitos que, se não podem ser
chamados de regras nacionais, são requerimentos constantes por parte das
universidades, tais como: ter completado o High School (ensino médio) e passar
em um teste de leitura crítica e interpretação de texto (literacy test).Uma
peculiaridade no sistema canadense aparece em algumas províncias: a exigência
de 40 horas de trabalho voluntário realizado pelo estudante.
Chile
A Prueba de Selección
Universitaria (PSU) do Chile se assemelha ao Enem brasileiro e ao SAT
americano. Aplicado desde 2003, o teste consiste em quatro provas, sendo duas
obrigatórias: línguas e comunicação, que formam uma prova, e matemática. Há
ainda duas eletivas: história e ciências sociais, e ciências, que engloba
física, química e biologia.As notas da escola secundária também são levadas em
conta no processo. Cada universidade dá pesos diferentes para os resultados dos
vários exames.Criada para unificar o processo seletivo nas universidades, em
substituição ao Sistema de Ingresso à Educação Superior (SIES), a PSU não é uma
unanimidade no país, uma vez que estudantes com maior poder aquisitivo, especialmente
aqueles que estudaram em escolas privadas, têm mais chances de obter vagas nas
melhores universidades chilenas.
China
O país mais populoso do
mundo tem uma forma de seleção similar à utilizada no Brasil, com o tradicional
vestibular por cursos sendo aplicado ao final do ensino médio. As principais
diferenças se aplicam aos conteúdos: a prova conta com questões de
chinês, uma língua estrangeira e matemática, além de uma quarta matéria, que
varia de acordo com o curso escolhido pelo estudante.Os cursos mais concorridos
nos últimos anos têm sido Economia e Informática.
Coreia do Sul
Entrar em uma das
universidades conhecidas pela sigla SKY - Universidade Nacional de Seul,
Universidade da Coreia e Universidade Yonsei - é a meta de 10 entre 10
estudantes sul-coreanos. A tríade compõe um seleto grupo das melhores
instituições do país, com vestibulares dificílimos que podem durar até 10
horas.A prova é levada tão a sério que gera um planejamento entre policiais e
guardas de trânsito para organizar o fluxo de pessoas nas cidades. Toda essa mobilização por causa de
uma prova se justifica: na maioria dos casos, o ingresso na universidade
determina onde o jovem vai acabar trabalhando e o salário que terá pelo resto
da vida.
Dinamarca
Após os nove anos de primary
and lower secondary school (equivalentes aos nossos ensino fundamental
e médio, respectivamente), o estudante dinamarquês passa por uma extensão do
secondary school, com duração de três anos e conteúdos variados de acordo com a
área profissional que ele procura.Concluída essa etapa, é hora de encarar o
curso superior, que, na Dinamarca, tem três focos. O mais básico deles trata-se
de um ciclo curto, que seria o equivalente aos cursos técnicos no Brasil. Essa
formação habilita para funções como eletricista, técnico de laboratório e
engenheiro mecânico. No curso superior de médio-termo, o aluno estuda durante
três ou quatro anos e pode almejar cargos como professor, educador social,
enfermeiro ou engenheiro.Por último, há curso superior de longo-termo. São os
programas de educação superior ministrados pelas universidades ou outras
instituições de igual porte. Com tempo total de curso entre quatro e cinco anos
(mais três de PHD, caso ele queira especializar-se), é o tipo de formação
exigida para se tornar dentista, engenheiro especializado, doutor ou professor
de ensino superior. O ingresso nesses cursos pode ser feito com base na grade
escolar do aluno ou com a aplicação de algum exame específico, caso de
faculdades como jornalismo e design.
Estados Unidos
Para ingressar em uma
universidade americana é necessário fazer o Teste de Aptidão Escolástica (SAT,
na sigla em inglês). A prova apresenta questões de apenas três assuntos:
matemática, leitura crítica e redação. Caso tenha obtido nota suficiente, após
o teste o estudante escolhe o curso e a universidade em que quer estudar.Além
do SAT, algumas universidades também exigem o SAT II, que é mais complexo e
pode avaliar uma série de matérias estudadas durante a High School
(ensino médio americano), como física, química e línguas estrangeiras, e outras
solicitações, como histórico escolar da High School, cartas de recomendação de
professores, portfólio com atividades curriculares e entrevista com o aluno.
França
Na França, o acesso ao
ensino superior é garantido a todos os estudantes do país. Após a conclusão do
colégio, os alunos prestam um exame chamado Baccalauréat (também
conhecido como le Bac), que cobra conhecimentos variados, de acordo
com o curso que o estudante pretende seguir na universidade.Todas as
universidades francesas passam por avaliações periódicas, o que impede que haja
grandes disparidades na qualidade entre elas, uma vez que todas são públicas e
apresentam anuidades baixas, entre 150 e 300 euros."Além das
universidades, existem as Grandes Escolas, que oferecem um ensino mais focado
nas áreas de engenharias, artes e negócios. Enquanto elas primam por uma
formação mais direta para o mercado de trabalho, as universidades prezam mais
pela pesquisa acadêmica. Porém, o ingresso nessas escolas especializadas é mais
rigoroso e restrito, variando de acordo com a instituição", detalha Carla
Ferro, coordenadora de promoção do Campus France, serviço de informações sobre
os estudos superiores na França vinculado aos ministérios franceses da Educação
e das Relações Exteriores.
Inglaterra
Após a conclusão do
Secondary Education (equivalente ao Ensino Médio), o estudante presta uma prova
chamada General Certification of Secondary Education (GCSE) para comprovar a
conclusão. Após, caso ele decida cursar uma universidade, serão necessários
mais dois anos de estudos em uma espécie de extensão do colégio com matérias
específicas para a faculdade desejada. Posteriormente, é preciso prestar outra
prova A-Level para avaliar em qual universidade e curso o estudante estará apto
a ingressar. Quanto maior o número de "A", nota máxima na prova,
maiores as chances dele escolher o local em que vai estudar."Atualmente,
está mais difícil entrar em uma universidade aqui no Reino Unido, seja pelo
alto custo, de 9 mil libras ao ano (em torno de R$ 23,9 mil), ou pela
fortes exigências das universidades", comenta o inglês Mark Tinklin,
graduado em jornalismo na Universidade de Sheffield.
Itália
Na Itália, todos os
cidadãos têm acesso à universidade de maneira igual, o único pré-requisito é
possuir o diploma de conclusão doSecondaria di secondo grado (ensino
médio). Para os cursos mais concorridos na Itália, como Medicina, Odontologia e
Arquitetura, algumas universidades podem exigir um exame para admissão, mas em
um grau muito menos concorrido que o das principais universidades brasileiras,
por exemplo.Uma curiosidade a respeito da aplicação dos testes pelas
universidades é o fato de a maior parte deles ser oral, e não escrito.
Japão
O Japão tem um dos
vestibulares mais difíceis do mundo. A prova é estruturada em duas fases,
compreendendo as seguintes matérias: inglês, matemática, língua e literatura
japonesa, mais duas provas em ciências (como física e química) e duas de
estudos sociais (história geral e do Japão). Somente os estudantes que passam
na primeira fase podem prestar a segunda prova.A grande dificuldade é dominar
todos os assuntos que caem na prova, uma vez que as universidades exigem mais
daquilo que é ensinado nas salas de aula do ensino médio.
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