SABINE RIGHETTI - DE SÃO PAULO - 21/08/2014
A Unicamp voltará a
contratar professores de cursos pré-vestibular –os "cursinhos"– na
correção do seu processo seletivo, que é dissertativo na segunda fase. A
mudança passa a valer a partir do próximo vestibular.
A proibição de contratar
quem dá aula em cursinhos estava em vigor desde 1996, após constatação de
semelhança entre a prova de redação do vestibular da Unicamp com um exercício
de um cursinho.
O episódio acabou
anulando a prova de redação do vestibular da Unicamp de 1995.
Agora, a comissão do
vestibular da universidade, composta por um representante de cada curso de
graduação da Unicamp, voltou atrás. A decisão resultou em polêmica na
universidade.
A reportagem conversou
com docentes –alguns deles membros do Conselho Universitário– que afirmaram
temer vazamento de informações e conflito de interesse.
Em nota, a comissão do
vestibular da Unicamp afirmou que a mudança "atende a uma solicitação da
banca examinadora [do vestibular]". Não ficou claro, no entanto, o motivo
da solicitação.
A Folha apurou com
docentes da universidade que a inclusão de professores de cursinhos visaria
melhorar a qualidade da correção.
"Sabe-se que a
correção de provas dissertativas, especialmente de redação, é problemática em
todos os processos seletivos", disse um docente que não quis ser
identificado na reportagem.
"O problema é que
contratar professor de cursinho não vai mudar isso", completou.
USP e Unesp, que também têm provas dissertativas
na segunda fase do seu processo seletivo, mantiveram a proibição de vínculo da
banca corretora com cursinhos.
Nessas universidades, os
corretores têm de assinar, antes de começar a trabalhar, um documento
informando que não têm vínculo permanente exclusivo com organizações que
preparam candidatos para o vestibular.
A mesma regra é seguida
na correção de redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) -que, neste
ano, teve o recorde de 8,7 milhões de inscritos.
Fonte: Folha de São Paulo
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