Getúlio
Vargas sempre foi uma figura muito controversa. Para alguns, um dos maiores
estadistas do Brasil, responsável por importantes conquistas do trabalhador
brasileiro e pela industrialização nacional. Para outros, foi um ditador como
muitos, populista e repressor. Entretanto, Getúlio foi o único ditador
brasileiro até o momento a voltar à Presidência pelo voto popular, seis anos
depois de ser retirado do poder.
E foi justamente nesse último período que
aconteceu o fato mais marcante de toda a história política de Getúlio Vargas.
Em agosto de 1954, o principal opositor de Getúlio, o então deputado federal
Carlos Lacerda, sofreu uma tentativa de assassinato em Copacabana, no Rio de
Janeiro. A tentativa de silenciar Lacerda foi em vão, pois o político escapou
da morte e ficou evidente que o crime havia sido arquitetado no Palácio do
Governo. Desgastado diante da opinião pública e sob o risco de ser deposto pela
segunda vez, Vargas tomou uma decisão radical: no dia 24 de agosto atentou
contra a própria vida.
Antes de desferir o tiro que acertou seu
coração no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, Getúlio Vargas deixou uma
carta-testamento. Neste, que é um dos documentos mais importantes da história
recente do Brasil, Vargas, mais uma vez, faz uma declaração nacionalista e de
amor ao povo. Ele relembra a sua chegada ao poder e a libertação do Brasil
"do domínio e da espoliação dos grupos financeiros internacionais".
Além disso, exalta as vitórias sociais e o seu retorno ao poder nos
"braços do povo".
Conquistas sociais,
industrialização e II Guerra Mundial
Se
o segundo governo de Getúlio Vargas foi o mais marcante historicamente, foi na
sua primeira passagem pela Presidência que ele deixou seus feitos mais
importantes. Ainda que tenha chegado ao poder por intermédio de um golpe de
Estado, Vargas tomou medidas significativas, como a criação do código
trabalhista que até hoje regula os direitos do trabalhador, a Consolidação das
Leis Trabalhistas. Vargas também foi o responsável pela criação da Previdência
Social, além da instituição da Carteira de Trabalho, do salário mínimo e do
turno de 8 horas diária de trabalho.
As dificuldades
econômicas vividas na época, inicialmente devido à crise financeira de 1929 e,
depois, pela II Guerra Mundial, levaram Getúlio Vargas a investir também na
industrialização nacional. Com a intenção de substituir as importações por
produtos nacionais, Vargas investiu na indústria de base, levando à criação da
Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica
Nacional. A ajuda dada pelos norte-americanos nessas iniciativas, Vargas
retribuiu com o apoio aos aliados na II Guerra Mundial, embora tivesse simpatia
pela política nazi-fascista de alemães e italianos.
Ainda
que a II Guerra tenha sido valiosa para Getúlio Vargas levantar investimentos
para a industrialização brasileira, ela também foi, de certo modo, responsável
pela retirada de Vargas do poder. Ao retornarem da Guerra, os pracinhas
brasileiros encontraram no País o mesmo ambiente ditatorial que lutaram para
derrubar na Europa, aumentando a pressão pela saída de Vargas. Sem muitas
alternativas, Getúlio foi obrigado a renunciar em 1945, abrindo espaço para a
eleição do general Eurico Gaspar Dutra.
A história, porém, ainda reservaria um novo
capítulo para Getúlio Vargas na Presidência da República. Prometendo reformas
nacionalistas, Vargas retornou ao poder em 1950, desta vez, por voto direto.
Ainda que tenha realizado feitos importantes, como a criação da Petrobras, Getúlio
teve um período conturbado, marcado muito mais pelos embates políticos contra
adversários como Carlos Lacerda e Adhemar de Barros, do que pelas conquistas
sociais ou econômicas. No final, o tiro que marcou a história também serviu
para fechar o capítulo de uma importante fase da história política brasileira.
Fonte:
Escola 24h
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