Protesto do Alfombra Roja (tapete vermelho), grupo que busca punição por esterilizações forçadas |
01 de agosto de 2014
A
América Latina é uma região de solo rico para a agricultura e para o surgimento
de ditadores. De tempos em tempos aparece um prometendo o milagre da salvação
nacional, riqueza para os pobres ou mesmo a libertação das forças opressoras do
imperialismo capitalista norte-americano ou do comunismo
soviético-cubano-chinês. Exemplos não faltam por aí, seja na Argentina, no
Chile, no Brasil ou, mais recentemente, na Venezuela, na Bolívia e no Equador.
Com
o Peru não seria diferente. Após se eleger em 1990, Alberto Fujimori se tornou
ditador para, segundo ele, lutar contra os rebeldes que espalhavam a violência
no país e contra a hiperinflação que corroia os salários. Dentre as medidas que
Fujimori tomou naquele período, uma foi, e ainda é, bastante polêmica e assustadora.
Com uma política de controle demográfico orientada aos mais pobres, o governo
de Fujimori é acusado de ter pressionado os médicos do país a cumprir uma cota
de esterilizações. Nessa política, muitas famílias teriam sido submetidas a
esse tipo de violência, sob risco de perder os benefícios dados pelo estado.
A
polêmica da esterilização forçada no Peru voltou à tona mais uma vez nas
últimas eleições no país, quando a filha de Fujimori, Keiko, foi atacada pelo
seu adversário, Ollanta Humala. Além de derrubar Keiko e conduzir Humala ao
poder, as acusações levaram a promotoria peruana a declarar que comprovara a
violação dos direitos humanos em relação às esterilizações e a denunciar um
grupo de médicos. Entretanto, apesar das mais de duas mil mulheres
esterilizadas sem consentimento, a própria promotoria concluiu, no início de
2014, que não havia indícios de uma política pública de esterilização e eximiu
o governo da época de qualquer culpa, arquivando definitivamente o caso.
As promessas dos políticos latino-americanos
Esse é mais um caso de impunidade relacionado aos
políticos latino-americanos e aos períodos de ditadura que assolaram, e ainda
assolam, a região. Até hoje, crimes políticos cometidos no Chile, no Brasil e
na Argentina ainda não têm explicação, nem mesmo culpados, situação que se
repete na Venezuela, na Bolívia e no Equador. A justificativa é sempre a falta
de provas ou, até mesmo, o medo de remexer o passado e trazer à tona mais
acusações.
E esse tipo de situação está longe de desaparecer
da América Latina. Assim como seus pares, Fujimori chegou ao poder com a
promessa de milagre econômico e social. Com o país assolado por uma
hiperinflação na década de 90, o filho de imigrantes japoneses botou em prática
uma política liberal comum na época, privatizou estatais, retirou subsídios e
reduziu o papel do estado na economia. A tática de Fujimori trouxe aperto para
a população, sobretudo a mais pobre, mas serviu como base para um crescimento
mais sustentável da economia peruana.
Só que a febre do poder tomou conta
de Alberto Fujimori. Alegando que o Congresso e o Senado peruanos estavam
contribuindo com os grupos rebeldes que assustavam o país, Fujimori, com o
apoio dos militares, decidiu dissolver as duas câmaras. E, assim, teve caminho
aberto para uma série de medidas polêmicas, como a política de esterilização da
qual é acusado.
Casos como o de Fujimori são mais uma prova de que não existe milagre
quando se trata de economia e mudanças sociais. Enquanto o povo ficar a espera
de um messias para resolver, de imediato, os seus problemas, os políticos
ditadores continuarão a existir. Só planejamento, educação e trabalho, todos a
longo prazo, resolvem os problemas de um país.
Fonte: Escola 24h
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