domingo, 3 de agosto de 2014

ESTERILIZAÇÕES FORÇADAS NA DITADURA PERUANA

    Protesto do Alfombra Roja (tapete vermelho), grupo que busca punição por esterilizações forçadas

Protesto do Alfombra Roja (tapete vermelho), grupo que busca punição por esterilizações forçadas

01 de agosto de 2014

A América Latina é uma região de solo rico para a agricultura e para o surgimento de ditadores. De tempos em tempos aparece um prometendo o milagre da salvação nacional, riqueza para os pobres ou mesmo a libertação das forças opressoras do imperialismo capitalista norte-americano ou do comunismo soviético-cubano-chinês. Exemplos não faltam por aí, seja na Argentina, no Chile, no Brasil ou, mais recentemente, na Venezuela, na Bolívia e no Equador.
Com o Peru não seria diferente. Após se eleger em 1990, Alberto Fujimori se tornou ditador para, segundo ele, lutar contra os rebeldes que espalhavam a violência no país e contra a hiperinflação que corroia os salários. Dentre as medidas que Fujimori tomou naquele período, uma foi, e ainda é, bastante polêmica e assustadora. Com uma política de controle demográfico orientada aos mais pobres, o governo de Fujimori é acusado de ter pressionado os médicos do país a cumprir uma cota de esterilizações. Nessa política, muitas famílias teriam sido submetidas a esse tipo de violência, sob risco de perder os benefícios dados pelo estado.
A polêmica da esterilização forçada no Peru voltou à tona mais uma vez nas últimas eleições no país, quando a filha de Fujimori, Keiko, foi atacada pelo seu adversário, Ollanta Humala. Além de derrubar Keiko e conduzir Humala ao poder, as acusações levaram a promotoria peruana a declarar que comprovara a violação dos direitos humanos em relação às esterilizações e a denunciar um grupo de médicos. Entretanto, apesar das mais de duas mil mulheres esterilizadas sem consentimento, a própria promotoria concluiu, no início de 2014, que não havia indícios de uma política pública de esterilização e eximiu o governo da época de qualquer culpa, arquivando definitivamente o caso.

As promessas dos políticos latino-americanos

Esse é mais um caso de impunidade relacionado aos políticos latino-americanos e aos períodos de ditadura que assolaram, e ainda assolam, a região. Até hoje, crimes políticos cometidos no Chile, no Brasil e na Argentina ainda não têm explicação, nem mesmo culpados, situação que se repete na Venezuela, na Bolívia e no Equador. A justificativa é sempre a falta de provas ou, até mesmo, o medo de remexer o passado e trazer à tona mais acusações.
E esse tipo de situação está longe de desaparecer da América Latina. Assim como seus pares, Fujimori chegou ao poder com a promessa de milagre econômico e social. Com o país assolado por uma hiperinflação na década de 90, o filho de imigrantes japoneses botou em prática uma política liberal comum na época, privatizou estatais, retirou subsídios e reduziu o papel do estado na economia. A tática de Fujimori trouxe aperto para a população, sobretudo a mais pobre, mas serviu como base para um crescimento mais sustentável da economia peruana.
Só que a febre do poder tomou conta de Alberto Fujimori. Alegando que o Congresso e o Senado peruanos estavam contribuindo com os grupos rebeldes que assustavam o país, Fujimori, com o apoio dos militares, decidiu dissolver as duas câmaras. E, assim, teve caminho aberto para uma série de medidas polêmicas, como a política de esterilização da qual é acusado.
Casos como o de Fujimori são mais uma prova de que não existe milagre quando se trata de economia e mudanças sociais. Enquanto o povo ficar a espera de um messias para resolver, de imediato, os seus problemas, os políticos ditadores continuarão a existir. Só planejamento, educação e trabalho, todos a longo prazo, resolvem os problemas de um país.


Fonte: Escola 24h

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