Na publicação de hoje, gostaríamos de
sugerir uma atividade que tem como base uma das propostas de redação do
vestibular 2012 da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Nosso objetivo
é fazer com que vocês, professores, alunos e candidatos ao Enem 2014exercitem o
argumentar por meio de um gênero não cobrado do exame, mas muito presente no
nosso dia a dia, principalmente neste ano eleitoral: o debate.
Como já explicamos em uma publicação
anterior, todos os gêneros da ordem do argumentar são importantes nas várias
esferas pelas quais circulamos e fundamentais na preparação para o Enem e/ou
vestibular que pede, em suas propostas de redação, dissertações-argumentativas.
Nesta
atividade, usaremos como base o texto fonte da proposta número dois do
vestibular 2012 da Unicamp, mas modificaremos o seu propósito, a sua
interlocução e o seu gênero.
Na proposta original, a condição de
produção estabelecida é a seguinte: o candidato deveria colocar-se no lugar dos
estudantes de uma escola que passou a monitorar os perfis de seus alunos nas
redes sociais após um evento similar aos relatados no texto fonte – o qual
reproduziremos logo abaixo – . Devido a polêmica criada por este monitoramento,
o candidato deveria escrever um manifesto, com o apoio de seus colegas, para
este ser lido na próxima reunião de pais e mestres com a direção da escola e,
neste manifesto, deveria ser explicitado o evento que motivou o monitoramento e
ser declarada e sustentada a defesa dos alunos, convocando pais, professores e
alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.
Esta proposta, em seu formato original,
também é uma ótima tarefa para exercitar o argumentar, já que um manifesto é um
gênero que requer explicação, interpelação e argumentação. Mais informações
sobre esta e as demais propostas de redação e acerca do vestibular 2012 da
Unicamp em http://www.comvest.unicamp.br/ vest_anteriores/vest2012.html.
Percebe-se que o estilo das propostas de
redação da Unicamp é muito diferente do das provas de produção textual do Enem:
a primeira exige gêneros sem aviso prévio, isto é, o candidato sabe, apenas no
momento do vestibular, quais gêneros terá de redigir, já que são duas propostas
obrigatórias; além disso, cada uma possui suas próprias condições de produção e
seus textos fontes. Já o Enem sempre pede, e o candidato é ciente disso, uma
dissertação-argumentativa sobre um tema de cunho social sobre o qual a
coletânea de textos motivadores mostrará um recorte com vários pontos de vista.
Voltando à proposta de atividade, para
atingirmos o nosso objetivo, modificaremos um pouco as condições de produção e
o gênero requisitado. Imaginemos a mesma situação: após um evento similar aos
relatados no texto fonte reproduzido abaixo, a direção da sua escola resolveu
monitorar os perfis de seus alunos nas redes sociais e você, juntamente com
seus colegas, propõe que seja realizado um debate entre alunos, pais,
professores e a direção escolar a fim de discutir esta questão (o evento
causador do monitoramento e os pontos de vista de cada um, sugerindo outras
ações ou defendendo o monitoramento).
Assim, criamos um cenário para um debate.
Caso a atividade seja realizada na sua sala de aula, os alunos deverão ser
divididos, com o auxílio do professor, em três grupos: alunos, professores e
direção escolar e pais. Cada grupo deverá sustentar e defender uma posição:
alunos – contra o monitoramento; professores e direção escolar – a favor do
monitoramento e pais – em busca de um meio termo entre alunos e a escola. O
professor deve atuar como mediador deste debate. A mesma organização vale para
a atividade que for realizada em casa, entre familiares e amigos, no caso de
candidatos que não frequentem mais a escola e/ou um cursinho. Apenas alguém
deverá ser responsável por mediar a discussão.
O intuito desta divisão é forçar os
candidatos a argumentarem a favor de algo que são contrários e, assim, estimular
e desenvolver a argumentação, as estratégias argumentativas, a tomada de
posição e as propostas de solução, algo que o Enem tem como competência
avaliada.
O texto fonte da atividade é o mesmo da
proposta de redação de número dois do vestibular 2014 da Unicamp:
Escolas monitoram o que aluno
faz em rede social
Durante uma aula vaga em uma escola da Grande São
Paulo, os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no
pátio para a aula de educação física. Um deles colocou uma imagem no Facebook
com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na escola. Uma
professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la
e todos levaram uma bronca.
O caso é um exemplo da luta que as escolas têm
travado com os alunos por conta do uso das redes sociais. Assuntos relativos à
imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a
escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar
em punição. Em outra instituição, contam os alunos, um casal foi suspenso
depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando nas dependências da
escola.
As escolas não comentaram os casos. Uma delas diz
que só pediu para apagar a foto porque houve um “tom ofensivo”. Como outras
escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.
Exercício
Como professores e alunos são “amigos” nas redes
sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.
Foi o que aconteceu com um aluno do ABC paulista.
Um professor soube da página que esse aluno criou com amigos no Orkut. Nela,
resolviam exercícios de geografia – cujas respostas acabaram copiadas por
colegas. O aluno teve de tirá-la do ar.
O caso é parecido com o de uma aluna de 15 anos do
Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para
a troca de respostas de exercícios. Ela foi suspensa. Já o aluno do ABC
paulista não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido
em aula.
Transformar o problema em tema de discussão para as
aulas é considerado o ideal por educadores. “A atitude da escola não pode ser
policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar
consciência crítica”, diz Sílvia Colello, professora de pedagogia da USP.
(Adaptado de Talita Bedinelli
& Fabiana Rewald, Folha de S. Paulo, 19/06/2011. Texto integral em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1906201101.htm.)
O texto fonte acima fornece vários
exemplos de casos reais de embates entre alunos e escola em relação às
postagens feitas em redes sociais e mostra as opiniões de estudantes e dos
responsáveis pelas escolas, além da posição de uma docente de pedagogia da USP
(Universidade de São Paulo).
Baseados neste texto fonte e tendo em
mente as posições tomadas pelo seu grupo, os alunos devem debater, seguindo as
regras do mediador (que deve, por sua vez, dar a palavra a cada grupo de modo
organizado e conduzir o debate de uma maneira educada e ordenada), o
monitoramento das redes sociais por parte da escola.
A explicação e a argumentação de cada
grupo sobre os fatos ocorridos são fundamentais para um bom debate que tem
neste caso, como objetivo, encontrar um equilíbrio entre alunos e escola;
portanto, a tentativa de convencimento é essencial por todas as partes. Os
grupos podem tomar para si os exemplos dados pelo texto fonte ou refutá-los,
criticá-los e sugerir melhorias; o texto fonte pode e deve ser lido por cada grupo,
separadamente, a fim do discurso ser planejado (argumentos e contra
argumentos). Após este planejamento, o mediador deve dar início ao debate e
conduzi-lo da melhor maneira possível.
Com esta sugestão, que pode ser adequada
pelos professores, objetivamos estimular e motivar diferentes atividades da
ordem do argumentar a fim de desenvolver esta habilidade nos candidatos ao Enem
2014 e demais vestibulares.
*CAMILA DALLA POZZA
PEREIRA é graduada e mestranda em
Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente
trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua
Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes
universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções
de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da
Educação (MEC).
Fonte:
InfoEnem
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