quinta-feira, 24 de julho de 2014

REDAÇÃO E DEBATE: SUGESTÃO DE ATIVIDADES



Na publicação de hoje, gostaríamos de sugerir uma atividade que tem como base uma das propostas de redação do vestibular 2012 da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Nosso objetivo é fazer com que vocês, professores, alunos e candidatos ao Enem 2014exercitem o argumentar por meio de um gênero não cobrado do exame, mas muito presente no nosso dia a dia, principalmente neste ano eleitoral: o debate.
Como já explicamos em uma publicação anterior, todos os gêneros da ordem do argumentar são importantes nas várias esferas pelas quais circulamos e fundamentais na preparação para o Enem e/ou vestibular que pede, em suas propostas de redação, dissertações-argumentativas.
Nesta atividade, usaremos como base o texto fonte da proposta número dois do vestibular 2012 da Unicamp, mas modificaremos o seu propósito, a sua interlocução e o seu gênero.
Na proposta original, a condição de produção estabelecida é a seguinte: o candidato deveria colocar-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar os perfis de seus alunos nas redes sociais após um evento similar aos relatados no texto fonte – o qual reproduziremos logo abaixo – . Devido a polêmica criada por este monitoramento, o candidato deveria escrever um manifesto, com o apoio de seus colegas, para este ser lido na próxima reunião de pais e mestres com a direção da escola e, neste manifesto, deveria ser explicitado o evento que motivou o monitoramento e ser declarada e sustentada a defesa dos alunos, convocando pais, professores e alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.
Esta proposta, em seu formato original, também é uma ótima tarefa para exercitar o argumentar, já que um manifesto é um gênero que requer explicação, interpelação e argumentação. Mais informações sobre esta e as demais propostas de redação e acerca do vestibular 2012 da Unicamp em http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/vest2012.html.
Percebe-se que o estilo das propostas de redação da Unicamp é muito diferente do das provas de produção textual do Enem: a primeira exige gêneros sem aviso prévio, isto é, o candidato sabe, apenas no momento do vestibular, quais gêneros terá de redigir, já que são duas propostas obrigatórias; além disso, cada uma possui suas próprias condições de produção e seus textos fontes. Já o Enem sempre pede, e o candidato é ciente disso, uma dissertação-argumentativa sobre um tema de cunho social sobre o qual a coletânea de textos motivadores mostrará um recorte com vários pontos de vista.
Voltando à proposta de atividade, para atingirmos o nosso objetivo, modificaremos um pouco as condições de produção e o gênero requisitado. Imaginemos a mesma situação: após um evento similar aos relatados no texto fonte reproduzido abaixo, a direção da sua escola resolveu monitorar os perfis de seus alunos nas redes sociais e você, juntamente com seus colegas, propõe que seja realizado um debate entre alunos, pais, professores e a direção escolar a fim de discutir esta questão (o evento causador do monitoramento e os pontos de vista de cada um, sugerindo outras ações ou defendendo o monitoramento).
Assim, criamos um cenário para um debate. Caso a atividade seja realizada na sua sala de aula, os alunos deverão ser divididos, com o auxílio do professor, em três grupos: alunos, professores e direção escolar e pais. Cada grupo deverá sustentar e defender uma posição: alunos – contra o monitoramento; professores e direção escolar – a favor do monitoramento e pais – em busca de um meio termo entre alunos e a escola. O professor deve atuar como mediador deste debate. A mesma organização vale para a atividade que for realizada em casa, entre familiares e amigos, no caso de candidatos que não frequentem mais a escola e/ou um cursinho. Apenas alguém deverá ser responsável por mediar a discussão.
O intuito desta divisão é forçar os candidatos a argumentarem a favor de algo que são contrários e, assim, estimular e desenvolver a argumentação, as estratégias argumentativas, a tomada de posição e as propostas de solução, algo que o Enem tem como competência avaliada.
O texto fonte da atividade é o mesmo da proposta de redação de número dois do vestibular 2014 da Unicamp:


Escolas monitoram o que aluno faz em rede social

Durante uma aula vaga em uma escola da Grande São Paulo, os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou uma imagem no Facebook com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na escola. Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos levaram uma bronca.
O caso é um exemplo da luta que as escolas têm travado com os alunos por conta do uso das redes sociais. Assuntos relativos à imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar em punição. Em outra instituição, contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando nas dependências da escola.
As escolas não comentaram os casos. Uma delas diz que só pediu para apagar a foto porque houve um “tom ofensivo”. Como outras escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.

Exercício


Como professores e alunos são “amigos” nas redes sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.

Foi o que aconteceu com um aluno do ABC paulista. Um professor soube da página que esse aluno criou com amigos no Orkut. Nela, resolviam exercícios de geografia – cujas respostas acabaram copiadas por colegas. O aluno teve de tirá-la do ar.
O caso é parecido com o de uma aluna de 15 anos do Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para a troca de respostas de exercícios. Ela foi suspensa. Já o aluno do ABC paulista não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido em aula.
Transformar o problema em tema de discussão para as aulas é considerado o ideal por educadores. “A atitude da escola não pode ser policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar consciência crítica”, diz Sílvia Colello, professora de pedagogia da USP.
(Adaptado de Talita Bedinelli & Fabiana Rewald, Folha de S. Paulo, 19/06/2011. Texto integral em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1906201101.htm.)

O texto fonte acima fornece vários exemplos de casos reais de embates entre alunos e escola em relação às postagens feitas em redes sociais e mostra as opiniões de estudantes e dos responsáveis pelas escolas, além da posição de uma docente de pedagogia da USP (Universidade de São Paulo).
Baseados neste texto fonte e tendo em mente as posições tomadas pelo seu grupo, os alunos devem debater, seguindo as regras do mediador (que deve, por sua vez, dar a palavra a cada grupo de modo organizado e conduzir o debate de uma maneira educada e ordenada), o monitoramento das redes sociais por parte da escola.
A explicação e a argumentação de cada grupo sobre os fatos ocorridos são fundamentais para um bom debate que tem neste caso, como objetivo, encontrar um equilíbrio entre alunos e escola; portanto, a tentativa de convencimento é essencial por todas as partes. Os grupos podem tomar para si os exemplos dados pelo texto fonte ou refutá-los, criticá-los e sugerir melhorias; o texto fonte pode e deve ser lido por cada grupo, separadamente, a fim do discurso ser planejado (argumentos e contra argumentos). Após este planejamento, o mediador deve dar início ao debate e conduzi-lo da melhor maneira possível.
Com esta sugestão, que pode ser adequada pelos professores, objetivamos estimular e motivar diferentes atividades da ordem do argumentar a fim de desenvolver esta habilidade nos candidatos ao Enem 2014 e demais vestibulares.

*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).

Fonte: InfoEnem

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