Outubro é o mês das crianças… e de
Vinicius!
O poetinha Vinicius de Moraes
(1913-1980) completaria cem anos, mas como diz sua filha Georgiana, “Vinicius,
mesmo com cem anos, é assunto inesgotável!” A família do artista, que cuida de
preservar sua memória, planeja a publicação de um site sobre sua vida e obra em
comemoração ao centenário.
Tarde em Itapoã: Vinicius de Moraes viveu e
produziu muito no período em que morou em Itapoã, na Bahia.
Na praça que leva
seu nome, a escultura homenageia o artista. Foto: Jorge Ara/CC BY 2.0
O que falar dessa personalidade que
(como dizia seu amigo e escritor Sérgio Porto) “já nasceu plural?!” Marcus
Vinicius, Vina, Vininha, diplomata, poeta, compositor, cantor, para adultos e
crianças… Quem nunca se divertiu cantando: O Pato - Lá Vem o Pato ou Era uma casa muito engraçada...
Pois assim era Vinicius: uma criança
grande! Tão criança que nasceu no mês das crianças e morreu compondo para elas,
tomando banho de banheira e fazendo músicas para a Arca de Noé. E os fãs que mantêm a criança viva
dentro de si, ganharão um presente: será relançado, com novas interpretações, o
projeto da Arca de Noé,
numa parceria com a cantora e compositora Adriana Calcanhoto.
A Arca de Noé foi o resultado
feliz da junção da poesia de Vinicius e a música de Toquinho. Algumas das
composições têm histórias curiosas, como A cachorrinha, cujo poema
Vinicius fez quando trabalhava em Los Angeles. Sua esposa, Tati, não pôde levar
com ela a cadelinha cocker speniel, chamada Gold. Para amenizar a saudade
que Tati sentia da cachorrinha que tinha ficado no Brasil, Vinicius fez o seu
primeiro poema infantil.
“…Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha…”
(A cachorrinha. Trecho do poema de Vinicius de Moraes).
Com outra canção também do repertório
da Arca, chamada O filho que eu quero ter, Vinicius causou um
susto no parceiro Toquinho! Toco (era assim que Vinicius o chamava) conversou
com o poeta sobre a ideia que teve de compor algo a respeito do sonho de ter um
filho. Ele gravou uma melodia e deixou com Vinicius. Quando chegou em casa
encontrou Vinicius aos prantos com a letra da música em mãos. Toquinho achou
que ele estava passando mal, mas era só a emoção com o que havia escrito! Essa
se tornou uma das músicas preferidas de Toquinho e conta três etapas da vida: o
pai sonhando com o filho num berço, o filho crescendo e o filho no leito de
morte do pai, sonhando em ter um filho.
“É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer…”
(O filho que eu
quero ter. Trecho do poema
de Vinicius de Moraes).
A Arca de Noé foi um grande
sucesso e um presente de Vinicius: para o público, música infantil de
qualidade; para Toquinho, a descoberta da possibilidade de compor para
crianças. Foi após o sucesso do lançamento da música A casa, na Itália,
que Vinicius teve a ideia de desenvolver esse projeto no Brasil. A proposta foi
audaciosa e inovadora, reunindo poesias musicadas e a nata da música popular
brasileira como intérprete, numa época em que as gravadoras não exploravam o
universo infantil. E o relançamento da coleção, pela produtora Susana de Moraes
(filha mais velha de Vinicius), tem o primor musical dos originais de 1980.
Sua alma infantil conquistava amizades
facilmente, transformando todos em parceirinhos (ele adorava diminutivos!). O
poetinha adorava parcerias musicais, desde jovens talentos até os já
consagrados. Essa sua disponibilidade para novos parceiros permitiu a
diversidade de seu repertório de composições, que vai do choro aos afro-sambas,
passando pela bossa-nova. Sua enorme contribuição para a cultura nacional fez
da sua chama eterna e infinita enquanto dure!
Por Vania Maria
Andrade
Blog de Artes -
Educacional
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