segunda-feira, 28 de julho de 2014

CEM ANOS DE VINÍCIUS DE MORAES


Outubro é o mês das crianças… e de Vinicius!
O poetinha Vinicius de Moraes (1913-1980) completaria cem anos, mas como diz sua filha Georgiana, “Vinicius, mesmo com cem anos, é assunto inesgotável!” A família do artista, que cuida de preservar sua memória, planeja a publicação de um site sobre sua vida e obra em comemoração ao centenário.

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Tarde em Itapoã: Vinicius de Moraes viveu e produziu muito no período em que morou em Itapoã, na Bahia. 
Na praça que leva seu nome, a escultura homenageia o artista. Foto: Jorge Ara/CC BY 2.0

O que falar dessa personalidade que (como dizia seu amigo e escritor Sérgio Porto) “já nasceu plural?!” Marcus Vinicius, Vina, Vininha, diplomata, poeta, compositor, cantor, para adultos e crianças… Quem nunca se divertiu cantando: O Pato - Lá Vem o Pato  ou Era uma casa muito engraçada...
Pois assim era Vinicius: uma criança grande! Tão criança que nasceu no mês das crianças e morreu compondo para elas, tomando banho de banheira e fazendo músicas para a Arca de Noé. E os fãs que mantêm a criança viva dentro de si, ganharão um presente: será relançado, com novas interpretações, o projeto da Arca de Noé, numa parceria com a cantora e compositora Adriana Calcanhoto.
A Arca de Noé foi o resultado feliz da junção da poesia de Vinicius e a música de Toquinho. Algumas das composições têm histórias curiosas, como A cachorrinha, cujo poema Vinicius fez quando trabalhava em Los Angeles. Sua esposa, Tati, não pôde levar com ela a cadelinha cocker speniel, chamada Gold. Para amenizar a saudade que Tati sentia da cachorrinha que tinha ficado no Brasil, Vinicius fez o seu primeiro poema infantil.

“…Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha…”
(A cachorrinha. Trecho do poema de Vinicius de Moraes).

Com outra canção também do repertório da Arca, chamada O filho que eu quero ter, Vinicius causou um susto no parceiro Toquinho! Toco (era assim que Vinicius o chamava) conversou com o poeta sobre a ideia que teve de compor algo a respeito do sonho de ter um filho. Ele gravou uma melodia e deixou com Vinicius. Quando chegou em casa encontrou Vinicius aos prantos com a letra da música em mãos. Toquinho achou que ele estava passando mal, mas era só a emoção com o que havia escrito! Essa se tornou uma das músicas preferidas de Toquinho e conta três etapas da vida: o pai sonhando com o filho num berço, o filho crescendo e o filho no leito de morte do pai, sonhando em ter um filho.

“É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer…”
(O filho que eu quero ter. Trecho do poema de Vinicius de Moraes).

A Arca de Noé foi um grande sucesso e um presente de Vinicius: para o público, música infantil de qualidade; para Toquinho, a descoberta da possibilidade de compor para crianças. Foi após o sucesso do lançamento da música A casa, na Itália, que Vinicius teve a ideia de desenvolver esse projeto no Brasil. A proposta foi audaciosa e inovadora, reunindo poesias musicadas e a nata da música popular brasileira como intérprete, numa época em que as gravadoras não exploravam o universo infantil. E o relançamento da coleção, pela produtora Susana de Moraes (filha mais velha de Vinicius), tem o primor musical dos originais de 1980.
Sua alma infantil conquistava amizades facilmente, transformando todos em parceirinhos (ele adorava diminutivos!). O poetinha adorava parcerias musicais, desde jovens talentos até os já consagrados. Essa sua disponibilidade para novos parceiros permitiu a diversidade de seu repertório de composições, que vai do choro aos afro-sambas, passando pela bossa-nova. Sua enorme contribuição para a cultura nacional fez da sua chama eterna e infinita enquanto dure!

Por Vania Maria Andrade
Blog de Artes - Educacional

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