Poema Canção
do exílio, de Gonçalves Dias, um dos maiores poetas românticos.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
Não permita Deus que
eu morra,
Sem que volte para
lá;
Sem que desfrute os
primores
Que não encontro por
cá;
Sem qu'inda aviste as
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
DIAS, Gonçalves Antônio. Canção do
exílio. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2112
>
Paródia do poema Canção do exílio
O poema
abaixo foi escrito nos anos 1970 por Cacaso (pseudônimo de Antônio Carlos de
Brito) com o intuito de criticar a ditadura militar instaurada no Brasil. É uma
paródia do poema Canção do exílio,
de Gonçalves Dias.
Jogos
florais I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
Jogos
florais II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com dois esses que se escreve paçarinho?)
BRITO, Antônio Carlos de. Cacaso - Lero-lero. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
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