O tipo textual exigido
na prova de redação do Enem, a dissertação-argumentativa, assim como todo tipo
e todo gênero tem sua estrutura composicional, seu tema e seu estilo e todos
estes aspectos devem estar presentes de maneira planejada e organizada de modo
que o texto seja coerente.
Uma dissertação-argumentativa
coerente é aquela que estabelece uma relação harmônica entre ideias,
informações, fatos e argumentos e é uniforme em seu todo. Para obter esta
harmonia e uniformidade e, consequentemente, coerência, é essencial atentar-se
a alguns pontos essenciais.
Os
argumentos apresentados não devem estar escritos de maneira confusa ou
desordenada nem devem estar postos de modo a parecer uma lista de comentários
aleatórios com pouca ou nenhuma relação com o tema da proposta de redação.
Textos confusos e bagunçados denotam nenhum ou um mau planejamento e não
cumprem satisfatoriamente a questão da abordagem do tema, já que “atiram para
todos os lados”, pois não relacionam-se entre si e/ou com o ponto de vista
defendido ou ainda são contraditórios.
Os argumentos também não devem ser
escritos de maneira circular, ou seja, de maneira em que não há progressão
temática. Trata-se de dissertações-argumentativas que abordam, apenas, um
aspecto, uma informação, um fato ou um argumento e não progride, isto é, não
avança no raciocínio e, por isso mesmo, é circular.
Tratando-se, agora, especificamente
da qualidade dos argumentos, para haver coerência, estes não devem ser tratados
de maneira superficial, ou seja, com pouco ou nenhum desenvolvimento. Não basta
opinar, deve-se argumentar e aprofundar esta argumentação em relação a tese e ao tema da proposta de redação.
O desenvolvimento argumentativo ruim
gera lacunas para o leitor, isto é, o leitor fica com dúvidas em relação às
afirmações feitas pelo autor do texto e isso não pode acontecer, já que o autor
coloca-se como a voz da verdade e da razão ao defender um ponto de vista sobre
determinado tema. O leitor não pode perguntar-se “como” ou “por quê” certas
afirmações foram feitas.
Outra consequência do mal
desenvolvimento é a questão das digressões, ou seja, das quebras
argumentativas. Elas ocorrem quando o autor apenas menciona algo, não o
desenvolve e já aborda outro aspecto muito distante do primeiro. Textos
coerentes não têm digressões.
Dissertações-argumentativas ideais
são completas, ou seja, são escritas organizadas em torno da estrutura clássica
do tipo textual (introdução, desenvolvimento e conclusão) sem desequilíbrio
entre essas partes, isto é, todas são desenvolvidas de maneira igualitária e
sem haver contradições entre elas. Por exemplo, a conclusão não deve
contradizer a tese e vice e versa. Todos os argumentos devem ser
desenvolvimentos e não apenas um ou outro e todos devem convergir para o ponto
de vista defendido, além de não haver lacunas ou digressões entre eles.
Normalmente, a maioria dos alunos ao
escrever uma dissertação-argumentativa na escola, no Enem ou em qualquer exame,
na introdução, indica os principais argumentos que abordará em relação ao tema
proposto pela prova de redação. A principal orientação é: desenvolva todos os
argumentos indicados na introdução de seu texto; não deixe nenhum de fora, pois
todos devem ser desenvolvidos de maneira profunda e coesa para haver coerência.
Bons estudos e parabéns a todos os
professores pelo dia de ontem, 15 de outubro.
*CAMILA
DALLA POZZA PEREIRA é
graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções
relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi
corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso,
também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos,
inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
Fonte:InfoEnem
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