Com questões cansativas, a prova que divide o dia com Linguagens e redação demanda concentração dos candidatos e representa 25% do teste
09/10/2014 | 06h02
A tradição do Enem de buscar a contextualização com o cotidiano do aluno não poupa nem a prova de Matemática. Aplicar fórmulas e destrinchar cálculos são apenas parte de um teste que reserva para os candidatos questões cansativas. Soma-se o fato de que, além dessa disciplina, o aluno também precisará responder a questões de Linguagens e Códigos e elaborar uma redação, e a missão do segundo dia de provas se torna dramática.
– Por incrível que pareça, o mais comum é não dar tempo de terminar a prova de Matemática. E olha que, no domingo, são cinco horas e meia – diz Gustavo Reis, professor do Mathematica Et Cetera.
O que estudar para a prova de Matemática do Enem?
Com tanta coisa para dar conta, os professores recomendam que o candidatocomece o segundo dia pela redação. Ao iniciar Matemática, ele deve partir das questões que julga mais fáceis e, no tempo que sobrar, tentar as mais difíceis.
– O acerto das questões fáceis é fundamental para uma boa nota, porque, com o sistema de correção, acertar uma questão mais complexa e errar uma simples faz com que você pontue menos, por falta de consistência – explica Floriano Krieger, professor do curso pré-vestibular Universitário.
Antes de tentar iniciar algum cálculo, o aluno precisa descobrir qual conteúdo envolve aquela questão (estatística, progressão, proporções) e, então, lembrar da fórmula que pode ser aplicada. O tempo que se gasta em cada pergunta também deve ser levado em conta pelos participantes – não adianta ficar 10, 15 minutos em uma só.
– Sempre digo para o aluno não “se apaixonar” por uma questão. A prova é elaborada para não ter cálculos muito grandes. Se o cálculo está muito grande, comece a desconfiar, esse não deve ser o caminho – ensina Leonardo Mota, professor de matemática do La Salle Santo Antônio.
Para aprender a domar o tempo durante a prova, a dica é uma só: praticar em testes anteriores. Refazer questões de outras edições do Enem vai dar mais segurança para o candidato quando o relógio começar a correr.
– A forma como o aluno fará o enfrentamento de uma prova tão longa é o mais importante – afirma Régis Gonzaga, professor do pré- vestibular Unificado. – É preciso treinar em casa fazendo a prova de Matemática inteira de uma vez, controlando o tempo. Não adianta fazer cinco questões hoje e três amanhã. É melhor fazer direto e corrigir os erros depois.
Multiplique seu saber matemático
Antes considerada de fácil resolução perto dos vestibulares tradicionais, a prova de Matemática do Enem já não anda mais tão simples assim. Se nas edições passadas o candidato resolvia boa parte das questões só com a básica regra de três, hoje em dia é recomendável que ele saiba além das operações fundamentais.
– Nos últimos anos, como as universidades passaram a adotar o Enem como critério de seleção para ingresso, o exame começou a abordar outros assuntos, mais específicos. Hoje, o exame já requer o conhecimento do aluno, tem de saber algumas fórmulas. Acredito que, neste ano, a prova vai ser um pouco mais aproximada do vestibular, para que haja mais critérios de desempate – explica Leonardo Mota, professor de matemática do colégio La Salle Santo Antônio.
Para Régis Gonzaga, professor do Unificado, atualmente o candidato precisa saber, por exemplo, progressão aritmética e geometria espacial e plana. Esses são conteúdos que apresentam um grau de dificuldade e que não apareciam com frequência quando a prova servia apenas para avaliar os alunos do Ensino Médio.
Justamente por ter passado por tantas mudanças ao longo dos anos, a prova de matemática do Enem ainda está em busca de uma identidade, o que pode emperrar o aluno na hora de guiar seus estudos, segundo Floriano Krieger, professor do Universitário.
– A prova ainda não tem uma história pronta, os próprios conteúdos ainda não são claros quanto à definição, embora haja uma matriz de referência. Mas algumas coisas podemos tirar como concretas, que costumam aparecer todos os anos: análises de gráficos em geral e geometria, por exemplo – diz Floriano.
Embora haja dúvidas quanto à clareza do conteúdo, uma coisa não mudou com o passar das edições: a tradição do Enem de relacionar as questões com o cotidiano do aluno e exigir um conhecimento mais contextualizado.
– São questões que exigem muito raciocínio, interpretação, domínio de diferentes linguagens e códigos, compreensão e análise de fatos e fenômenos sociais e culturais – diz o professor Luciano Stropper, do Colégio La Salle Santo Antônio.
Outra característica da prova de matemática do Enem é que, quantitativamente, ela tem um peso grande no exame, já que são 45 questões sobre a disciplina, o que representa um quarto do teste.
– Há dois pontos que são fundamentais no Enem: a prova de matemática e a prova de redação, e são elas quem vão definir a aprovação, especialmente nos cursos mais concorridos, como Medicina e Arquitetura – diz Régis.
Destacamos três assuntos que, segundo os professores, historicamente aparecem na prova de matemática do Enem.
Gráficos e tabelas
Os professores concordam que boa parte das questões passa pela interpretação de gráficos e tabelas. Como o Enem quer aproximar a matemática do cotidiano do aluno, esse é o carro-chefe da prova.
Os gráficos podem ser retirados de cadernos de economia de jornais, por exemplo, abordando a inflação ou a variação do PIB, que são assuntos do dia a dia. Para fazer a leitura adequada dos dados, é preciso observar quais informações estão presentes nos eixos vertical e horizontal e, depois, focar no que a questão está pedindo.
Geometria
Conhecimentos geométricos também são muito explorados no Enem, sobretudo geometria plana e espacial. É fundamental que o aluno domine as caracterizações das figuras geométricas, pois cálculos de áreas, superfícies, volumes e perímetros são frequentes. Na geometria espacial, é importante saber reconhecer os sólidos, suas propriedades e planificações.
Essa parte da matemática tem muitas fórmulas, o que costuma assustar o candidato. A dica dos professores é que o aluno não se preocupe em decorar todas as fórmulas de todas as figuras, e, sim, concentre-se nas fórmulas básicas, que podem ser aplicadas na maior parte das questões.
Razão e proporçãoNem tudo é complicado. Para a sorte de alguns candidatos, o Enem ainda reserva parte das questões para explorar operações básicas e conceitos doEnsino Fundamental. É bom ficar atento para as relações entre grandezas, que envolvem razões, proporções, porcentagens e probabilidade.
Em questões que envolvam comparações de dados, a dica é prestar atenção se as grandezas estão com a mesma unidade de medida. Muitas vezes, o exercício parece simples, mas traz consigo uma “pegadinha”, que pode levar o candidato a marcar a alternativa errada.
* Zero Hora
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