Em textos anteriores, inclusive no da semana passada, discutimos alguns aspectos relativos à proposta de intervenção social da redação do Enem (Clique aqui para ler). E, no texto de hoje, abordaremos esta questão novamente atendendo ao pedido da leitora Maria Clara Jacome que nos enviou uma mensagem com algumas perguntas.
O Enem tem como característica cobrar e avaliar em sua grade de correção da prova de redação a elaboração de uma proposta de intervenção social, já que os temas das propostas são, geralmente, de cunho social e contextualizadas no cenário brasileiro.
A quinta competência da grade de correção é a responsável por avaliar a proposta de intervenção social que cada candidato deve elaborar em sua redação e seus níveis de pontuação são os seguintes:
Tendo em mente a grade de pontuação desta competência, podemos afirmar que a primeira coisa que o corretor atestará é se existe ou não uma proposta de intervenção social na redação que está sendo corrigida. Após esta verificação, caso não haja nenhuma menção a nenhuma proposta de intervenção social, o corretor atribuirá nota zero para este texto; caso haja uma proposta de intervenção social, o avaliador pensará em qual faixa de nota (de 40 a 200 pontos) a redação se encaixa.
A pontuação máxima na quinta competência – 200 pontos – irá para o texto que elabora muito bem uma proposta de intervenção social que, por sua vez, está relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida na redação; ou seja, a proposta de solução deve estar em consonância com o restante do texto.
Uma orientação básica para deixar explícita a ligação entre tese e proposta de intervenção social é retomar a ideia principal, a tese, na conclusão e “emendá-la” com a proposta de solução, mostrando coerência entre as duas.
Outra dica importante é que quanto mais detalhada estiver a proposta de solução, melhor. Assim, é fundamental sinalizar os personagens envolvidos na realização e na viabilização da proposta de solução.
Tomemos como exemplo a proposta de redação do Enem 2013: “Os efeitos da implementação da Lei Seca no Brasil”; caso o candidato, em seu texto, admita a importância da implantação da referida lei, mas afirme que ações mais efetivas devem ser tomadas para que o número de acidentes e vítimas diminua, ele deveria atribuir um tipo de atitude para cada agente. Por exemplo, ele poderia sugerir que o Estado, em parceria com ONGs, promova nas escolas e nos cursos de formação de condutores campanhas de conscientização sobre o perigo de dirigir alcoolizado.
Portanto, uma proposta de intervenção social nota máxima é aquela que está muito bem elaborada e detalhada, sinalizando o que cada um deve fazer, e em consonância com a tese e com os argumentos desenvolvidos ao longo do texto.
A segunda faixa de nota desta competência – 160 pontos – é destinada às propostas de solução que estão bem desenvolvidas, isto é, para aquelas que são boas, mas que poderiam ser melhores se estivessem mais detalhadas.
Já a terceira faixa de nota – 120 pontos – é atribuída às redações que apresentam propostas de intervenção social medianas ou razoáveis, ou seja, para aquelas que estão pouco desenvolvidas.
A partir da quarta faixa de nota – 80 pontos – além do mau desenvolvimento, há incoerência entre a proposta de solução e a tese e os argumentos desenvolvidos ao longo do texto. Normalmente, esta nota é atribuída a textos que não cumprem adequadamente o tema da proposta de redação. Neste caso, a proposta de intervenção social está elaborada de maneira insuficiente e não condiz com a articulação desenvolvida no restante do texto. Nestes casos, por exemplo, o candidato aponta uma solução na introdução, mas na conclusão aponta outra e pouca relacionada com o desenvolvimento do texto em si.
A quinta faixa de nota – 40 pontos – diz respeito a propostas de intervenção social precárias e/ou vagas, isto é, sem nenhum desenvolvimento e detalhamento e, portanto, sem nenhuma progressão.
Todos os candidatos ao Enem devem preocupar-se com a quinta competência, pois muitas redações têm notas baixas devido ao mau cumprimento da proposta de intervenção social.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
Fonte: InfoEnem